Olhei-te, nos olhos, várias vezes e em todas elas percebi porque me tinha apaixonado, logo por ti. Acho que voltaria a fazê-lo, sem escolha, se nos voltássemos a ver agora, ia percebê-lo ao primeiro microssegundo de encontro dos meus olhos com os teus. Naquela altura, eu estava decidida a abrir a porta até ao fim e deixar-te ir, para tornar a fechá-la novamente e desta vez, sem espaço para reentradas. No entanto, dentro de mim, desejava que jogasses a tática inversa e me dissesses que não querias lugar nenhum do mundo, senão aquele que se reservava ao meu lado. Que a vida sem mim, seria uma espécie de jogo do tetris mal-acabado. Que me tivesses beijado os olhos, já cheios de lágrimas, enquanto me embrulhavas num abraço terno e cheio de conforto. Que tu próprio, fecharias a porta à chave, connosco lá dentro e sem mais nenhuma brecha para o ar passar. Teria sido bonito, mas tu seguiste sem desvio o teu guião, tal e qual como eu tinha previsto e dirigiste-te à porta. Abraçamo-nos por fim e, quando o meu corpo sentiu o teu e a minha pele reconheceu o teu cheiro, soube então que o fazia pela última vez e naquele momento, não consegui senão amar-te ainda mais um bocadinho.
Margarida Pestana
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