terça-feira, 17 de julho de 2018


SILÊNCIO

Ah! O silêncio!
como detesto o silêncio
fonte e ponte de murmúrios,
quereres e poderes.

Mas também
como te amo silêncio
numa queda ondular de água solvida;
o silêncio, silenciado dum preso livre,
o silêncio, místico esquecido,
o silêncio, amado e rejeitado,
                 sentido e sofrido,
                 esquecido.

Ah! O silêncio!
Pertenço-te como a um deus
submeto-me como um escravo,
liberto-me, em ti, como cristalina e pura água.

Ah! O silêncio!
Como comunicas, sem palavras
E respondes sem perguntas
Odiando sem detestar
Vazio e cheio
Num tempo e num espaço
Medrosamente sentidos
Como se a vida
                  inerte,
                  parasse
                  apenas e só por um instante.

Ah! O silêncio!
Onde nasce ódio e se gera amor.
Como te pertenço me pertences
Existes por mim - no entanto, faço parte de ti.

Sou silêncio
de futuro.

Sou silêncio
dum presente.

Sou silêncio
do passado.

Ah! O silêncio!
       Como sou silêncio.


                               
                                                                                   
                     Castro Rocha - Novos são os Poemas


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