"Era bom era, que parte das minhas vivências mais sôfregas e prazerosas fossem passadas de ténis, aos pulinhos entre vinhas (velhas, de preferência)...só que não. Percebo no vosso Feedback ao que escrevo a importância flagrante da honestidade mais absoluta. Tão rara no digital, e tão essencial, como crucial, ao real da vida. Pasmem-se, porque ninguém reivindica tal característica de uma rede social. Então porque é que lhe chamamos de social? Se a etimologia da palavra nos remete para um universo colectivo relacional, e é tudo bull shit, ou parte de bull, ou parte de shit. Sou fotógrafa com pretensão a escritora, mãe de duas miúdas, segunda de cinco irmãos, bem divorciada e trabalhadora. Gosto de vinho, de viagens, de livros, de pessoas e de música. Tenho altos e baixos, picos de energia arrepiante e momentos de solidão absoluta. A vida comporta tudo isso, e é justamente nessa dimensão flutuante da vida que nos fazemos pessoas, tão válido é o biquíni na proa de um barco em Menorca, como um dia a chorar em que te sentes minorca. A mim faz-me falta, que essa dimensão transpire e respire numa rede, seja ela social, ou pouco social. A tristeza não é menos dignificante, é dela que brota o sentido mais maduro da vida. Não, a vida não é feita num rooftop, é gerida nos andares intermédios, nos patamares desconcertantes e numas descidas abruptas à cave (onde nem sempre há adega ou recursos). Nem sei se sou influencer (detesto a palavra para ser honesta). Mas se algum dia tiver que influenciar alguém, como faço no processo de educação das minhas filhas, que seja com o pacote completo, de todas as minhas vitórias e todas as minhas falências. O orgulho não virá sempre da superação, mas começa sempre, na Assumpção que a vida não é um palco envergonhado onde se escondem os dias menos felizes. Vá lá Malta, não estar feliz às vezes custa, mas ser mentiroso dói muito mais."
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